Logo de longe, já podia avistar no canto da sala o que a minha avó mais prezava dentro de sua casa, a cristaleira. Dentro dela, continham os mais diversos tipos de taças, brindes de casamentos, copos, tigelas de cristal, enfim, o seu pequeno tesouro.
Hoje, depois de sua morte, continuo olhando a cristaleira e percebo o porquê de tanto cuidado. Percebi que ela representa sua vida, guardando aquilo que mais achava especial, cada momento limpando seus artefatos demonstravam o carinho e o cuidado por cada coisa ali posta. É como se cada objeto fosse um filho, um neto, um sobrinho... uma pecinha do seu quebra-cabeça, onde tudo ali faz parte do seu coração.
Não sou de me apegar a coisas materiais, entretanto, cada um de nós tem a sua própria cristaleira: seja um amigo, um animal, um livro; temos uma facilidade imensa de nos apegarmos a tudo e qualquer coisa que nos lembre situações boas, agradáveis, divertidas.
Quando acordo depois de um longo sono, consigo imaginar o significado de todos os meus sonhos que tive. Se foi bom, eu o guardo; se foi ruim, eu logo descarto.
É assim que acontece na cristaleira, só o que selecionamos pode estar lá.
Minha avó era muito sábia, e nem sequer se tocou de que me ensinava sem trocar uma palavra.
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Um comentário:
Vovó tbm tinha um cristaleira, mas quando eu e meus pais moravamos longe. Quando voltamos, fomos morar na casa dela, com ela - ela precisava de compania nao tava muito bem - Ela teve que passar a diante a tal cristaleira, algumas coisas ela guardou, só Deus sabe onde, mas uma boa parte ela vendeu/deu...
Imagino agora que ela so vendeu/deu aquelas coisas que usava pra lembrar da gente.
Avós, sempre nos ensinando (Y)
PS: Adorei muito desse, um dos melhores.. me ensinou um boa lição.
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