sábado, 8 de maio de 2010

Maria Izabel

Querida Vovó,
talvez essa seja a melhor forma de demonstrar a saudade imensa que sinto de você.
Ao regressar à cidadezinha que passei todas as férias de minha infância é impossível não lembrar da sua pessoa. A casa já não é maos a mesma. Falta seu cheiro, seu toque, sua presença.
Não sei como descrever, é o primeiro dia das mães sem você. Pode parecer bobagem, mas pra mim a senhora era imortal. Nunca imaginei que um dia fosse te perder assim, para um AVC, e lembrar dos seus últimos dias no hospital, em que eu nem dei tanta atenção para as coisas que querias falar e não conseguia, me corrói a alma.
Ao levar seu corpo, e zelar por ele,as lágrimas não mais saiam. Talvez eu não conseguisse chorar com medo de perder as principais lembranças de minha vida ao teu lado. Seu carinho, e suas maneiras de demonstrar que se importava comigo eram tão visíveis, que eu não conseguia enxergar. Me sentia ofuscada pelo ciúme que tinha das minhas irmãs. Hoje eu percebo que esse carinho era igual a todas. Eu não sabia aproveitar.
Sentada no seu cartório, eu vejo o quanto a admirava. Uma mulher forte, que apesar da aparência frágil, carregava tantas responsabilidades. Muita coisa que tenho hoje eu devo a você, e eu nunca soube agradecer à altura.
A família é tudo.
Sinto sua falta, e espero que a senhora esteja bem, em qualquer lugar.
Agradeço por ser parecida contigo. Foi a melhor herança genética que pude receber.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Dentro da cristaleira

Logo de longe, já podia avistar no canto da sala o que a minha avó mais prezava dentro de sua casa, a cristaleira. Dentro dela, continham os mais diversos tipos de taças, brindes de casamentos, copos, tigelas de cristal, enfim, o seu pequeno tesouro.
Hoje, depois de sua morte, continuo olhando a cristaleira e percebo o porquê de tanto cuidado. Percebi que ela representa sua vida, guardando aquilo que mais achava especial, cada momento limpando seus artefatos demonstravam o carinho e o cuidado por cada coisa ali posta. É como se cada objeto fosse um filho, um neto, um sobrinho... uma pecinha do seu quebra-cabeça, onde tudo ali faz parte do seu coração.
Não sou de me apegar a coisas materiais, entretanto, cada um de nós tem a sua própria cristaleira: seja um amigo, um animal, um livro; temos uma facilidade imensa de nos apegarmos a tudo e qualquer coisa que nos lembre situações boas, agradáveis, divertidas.
Quando acordo depois de um longo sono, consigo imaginar o significado de todos os meus sonhos que tive. Se foi bom, eu o guardo; se foi ruim, eu logo descarto.
É assim que acontece na cristaleira, só o que selecionamos pode estar lá.
Minha avó era muito sábia, e nem sequer se tocou de que me ensinava sem trocar uma palavra.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Sono sonolento

Eu só queria entender o porquê do sono não vir.
Desde pequena tenho esse problema: durmo até tarde e não consigo dormir a noite.
Por que todas as pessoas normais conseguem descansar tranquilamente, enquanto eu, espero Morfeu vir buscar-me ansiosamente. Bem que podia existir uma fadinha que pinga um soro em nossos olhos, aquele "plin plin" poderia deixar minhas pálpebras tão pesadas quanto meu corpo pedindo "paz!! por favor, preciso deitar!!!"; mas como não existe essa tal fadinha... vamos ficar por aqui escrevendo um pouquinho, até o sono, coberto de sonhos, vir me apanhar, numa bela carruagem. Nela vem escrito: "RUMO: Seus sonhos".

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Conselhos aconselhando aconselhados.

Sou muito boa em dar conselhos para os outros, mas quando se trata de mim... diria que não me saio bem. Ás vezes a vida requer um pouco mais de nós. Passamos tanto tempo sofrendo e dizendo que queremos morrer, enquanto outras pessoas se encontram em situações piores.
Nossas ideias, opiniões, atos, crescem de forma tão constante, se tornando uma bola de neve. Temos que ser fortes para que ela não nos leve junto... uma mentira também é assim, a única diferença, é que só vamos saber a dimensão que ela tomou, quando somos surpreendidos por uma "coisa" chamada de: tempo.
O tempo pode ser um aliado valioso, entretanto, pode se tornar traiçoeiro. Pensamos que "depois que terminar tal coisa", ou "ano que vem vai ser diferente", podemos estar fugindo da realidade.
Sonhar faz bem. Sonhar com o pé no chão é quase impossível. Será que vale mesmo a pena continuar sonhando? Ou ir correr atrás de um sonho (incerto) em outro lugar?
Será que vale mesmo a pena jogar tudo pro alto para realizar algo em um outro "mundo"? O amor sobrevive a tudo? E a família?
Um pouco de reflexão nos ajuda a caminhar, não as pernas, e sim os pensamentos, talvez estes nos ajudem a criar um próprio conselho, agora para si.
Seria bom sermos psicólogos de nós mesmos. Eu ia adorar.